terça-feira, 18 de outubro de 2011

Eu sobrevivi

Por Roque Passos




Se nesse momento tenho a honra de ser lido por você e, quem sabe, por outros mortais, que em outros pontos de conexão, dispensam parte do seu precioso tempo para saber o que penso; se minha voz ainda pode ecoar por todo globo, ou sendo mais realista, por pelo menos por parte dele, mesmo que não haja uma só pessoa disposta a me ouvir, é porque eu sobrevivi.
Quando tudo conspirava contra, a falta de fé, de determinação, de vontade, de confiança, tudo queria me exterminar, fui mais forte e sobrevivi.
Sobrevivi a mídia apelativa, que serve carnificina no almoço e desespero no jantar; sobrevivi a falta de solidariedade, aos donos da rua, a indústria da música vazia, duplamente sem sentido, cheia de pornografia que leva muitas crianças a se prostituir. Eu sobrevivi ao SUS, a tão atacada, defasada e desvalorizada Educação Brasileira; sobrevivi a insegurança pública, a "máfia" sugadora dos recursos do INSS, dos precatórios, dos transportes; sobrevivi aos chefes da Casa Civil e ao Cabral do Rio; sobrevivi ao prepotente e populista  Lula Vargas, que se intitula pai e reiventor do Brasil. Eu sobrevivi ao holocausto, as torturas do Estado Novo, ao Golpe de 64, a escravização dos povos africanos, ao extermínio de milhões de indígenas; sobrevivi a Reforma, a Contra-reforma, a usurpação do PLANSERVE, ao Massacre do Araguaia. Eu sobrevivi ao Estalinismo, ao Hitler, ao Buche, ao Clinton, ao o Collor e a Wagner; sobrevivi a incapacidade do Obama, de corresponder as ilusórias expectativas daqueles que acreditavam ser ele o novo Messias.
Sobrevivi a todos os males, porque, como se aprende desde criança, a Esperança é a última a morrer. E se você ainda estar lendo, com toda paciência, para saber como vou concluir o meu pensamento, se o mundo segue agitado e violento, mas ainda há pessoas se esforçando para mudá-lo, acreditando que o futuro pode ser melhor, então eu sobrevivi.
Sobrevivi, continuo e continuarei sobrevivendo.
As vezes, sou dominado por um temor e me pergunto: por quanto tempo?
Então, olho os bilhões de humanos que povoam esse pontinho azul chamado Terra, que orbita na Via Láctea, vejo o quanto são capazes de recomeçar, por mais numerosas e frequentes que sejam as derrotas, e encontro a resposta.
Enquanto existirem corações dispostos a me dar abrigo, pessoas que fazem de mim a força que os motiva a acordar todos os dias, e encarar esse mundo selvagem para, através de sua profissão, ajudar a melhorar a sociedade em que vivem; cumprir o papel de pai, de mãe, irmão, irmã, amigo, marido, companheira, amante...; enquanto haverem aqueles que acreditam nas pessoas, que são capazes de se doarem pelos outros, de celebrar a vida com harmonia e gratidão, aproveitando cada instante que a Força Suprema do Universo lhes concede, para ajudar a construir um mundo melhor para si e todas as pessoas...., sim, eu vou sobreviver.