Roque
Passos
Um vento suave acaricia o meu rosto.
Vive-se o Outono.
Sinto o calor do teu abraço, o gosto do
vinho que aquece o corpo, desprende a língua, liberta a alma.
Lembro da troca de carícias e confidências
antes de dormir, do amanhecer com um despertar preguiçoso;
Da vontade intensa de eternizar os
momentos embaixo dos cobertores,
Da cama nos prendendo enquanto a vida,
do lado de fora do quarto, reclama por nós.
O vestir mais bem agasalhado aumenta o
charme, estimula o romantismo, alimenta os sentimentos.
Somos mutuamente belos e atraentes.
Da mesa de madeira rústica do nosso
jardim contemplamos, extasiados, o céu aberto.
Sentimos
o frio acolhedor, saboreando um sauvignon produzido no vale.
O néctar dos Deuses eleva a temperatura
e mantém aceso o desejo em nosso olhar.
A Bossa chega suave aos nossos ouvidos,
coroando uma noite fria e sem luar.
Vive-se o outono.
Não há mais pressa, tudo é ternura e
poesia.