Roque
Passos
O
dia estava um tanto estranho
O
céu, cinzento e seco na cidade grapiúna
O
Cachoeira agonizava em meio a seca e descuidos desmedidos
Os
soteropolitanos usavam capa de chuva e bote para irem fazer compras
Os
pedidos eram tantos, mas Deus parecia não ouvi-los
É
sexta-feira na Terra e no Céu
Em
ambos os lugares o happy hour é sagrado
Bossa,
um bom vinho e chope nas praças de alimentação
Rock
e Reggae nas pistas de danças
E
além das nuvens, O soberano decreta:
“Hoje
quero a melodia escarlate,
Forjada
nas veias negras dos plantadores de algodão.
A
melodia que brotou das vozes melancólicas
Mas
capaz de afagar a Alma e embalar o coração
Para
tocá-la, não aceito amadores
Também
vou dispensar os covers
Quero
o melhor, o incomparável
Aquele
cujo talento surpreende até a Mim”
E
num dia estranho, cinzento, chuvoso, seco
De
frio e calor, B.B. King foi tocar no Céu
Porque
Deus...
Ah!
Deus quis ouvir Blues.