Por: Roque Passos
Ouço gritos que arrepiam a alma.
Labaredas se misturam com as chamas da paixão, que aquece os corações sedentos de amor e justiça. Dilaceram as peles de diferentes cores, que um dia macias, tornaram-se ásperas e secas pela fuligem de uma luta árdua e não valorizada.
O céu é tingido pelas cinzas negras de corpos que brotam das chaminés fabris; o chão manchado por sangue escurecido pelo calor; o ar, dominado pelo cheiro de desespero e sofrimento.
Ouço gritos que vem das ruas e das casas.
São de pais, filhos, irmãos, maridos, amantes, que vão conviver com a dor da perda, da saudade que não passa, de uma espera que não tem fim. Suas mulheres não voltarão mais; foram tragadas pela ambição desmedida de uma sociedade insana.
Em meio as lágrimas, a força se renova, a luta se intensifica.
Oito de Março não será mais apenas um dia no calendário. Será sempre uma marca explícita na alma da humanidade; será o dia em que tudo começou.
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